Aula 2
A propaganda no Brasil: os primeiros anos do Século XX
1900 – 1910
No seu editorial de apresentação aos leitores (20/05/1900)a
Revista da Semana assumira o compromisso de publicar “excelentes gravuras,
copiadas de fotografias, o que deva excitar a curiosidade pública”. Prometia,
quando possível, “juntar-se-á a isto o texto necessário para a boa compreensão
dos fatos, embora, em regra, nos empenhemos em multiplicar de tal modo as
estampas, escolhendo-as tão bem que dispensem comentários”.
Em Goiás, surge o Jornal Informação Goyana que circulou de 1917 a 1935. Era escrito por Henrique Silva, no Rio de Janeiro e não distribuía apenas em Goiás, mas em várias capitais e embaixadas. Os anuncios eram todos captados por lá, portanto, referiam-se ao comercio do Rio de Janeiro, nenhum goiano. Assim, na edição de 15 de junho de 1918 aparece o primeiro anuncio do Estado de Goiás, de uma escola de Jataí com fotografia
alguns outros anúncios seguiram:
1920 – 1930
A General Motors (GM) desde 1926 tinha um departamento de propaganda, que se dissolveu em 1929. Isso marca a entrada da primeira agência multinacional ao Brasil, a J. W. Thompsom, vindo para servir a conta da General Motors, fazendo então que seu departamento de propaganda fechasse.
1930 – 1940
Os grandes programas como: Reporter Esso, Caixinha de perguntas, Hora do Calouro, Balança, mas não Cai, o programa de Otávio Gabus Mendes, um dos primeiro grandes programas de auditório, onde o público participava, dava opiniões e o grande Cassino do Chacrinha com Abelardo Barbosa, que mais tarde vira a ser um grande sucesso na TV, eram pratos cheios para as propagandas.
A guerra influenciava muito na propaganda, imagens e os textos ligados a bombas, destruição e logicamente com humor, como por exemplo:
Anúncio Jornal Varejo Eberle - Crediário
1900 – 1910
Enquanto o mundo se preparava para a 1ª Guerra
Mundial e nas ruas eram panfletadas
campanhas de recrutamento, no Brasil, o século XX começou com recuperação econômica, adotando um modelo agrário, fortemente sustentado com exportação de café, borracha, algodão e cacau.
Os Estados unidos, àquela altura já havia substituído a Inglaterra como a maior potência econômica do Planeta. A importação de novas técnicas de impressão
faria multiplicar, nas capitais brasileiras, alguns periódicos ilustrados(revistas). Os
anúncios ganham mais cores.
Artistas conhecidos passam a desenhar os anúncios
publicitários (Julião Machado, Vasco Lima, etc.) e os poetas
famosos se tornam os nossos primeiros copywrites (Olavo Bilac, Emilio de
Menezes, Hermes Fontes, etc.) Os anúncios da época eram produzidos em grandes formatos, continham muitas ilustrações em P&B ou no máximo duas cores. Os textos eram produzidos por
poetas. E você sabe o que é um copywrite?
1904
1905
As
peças publicitárias nasciam da junção de vários elementos, assinala Marcondes (2002, p.16) que “da
literatura e do jornalismo a publicidade importou o texto; do desenho e da
pintura, trouxe as ilustrações”. Com o surgimento da “Revista da Semana” no Rio
de Janeiro em 1900, os anúncios, além de cores e imagens ganham bom gosto e
novas técnicas de impressão. Nesta mesma data do surgimento da revista começam
aparecer sátiras políticas na propaganda que se prolonga por toda década (100
ANOS DE PROPAGANDA, 19(80), p.15).
Revista O Malho
1910 – 1920
O
período de 1910 a 1918 é marcado pela efervescência da guerra e politização. Os
políticos eram referenciados e se tornavam garotos-propaganda.
Um
dos anúncios da Manah de um alimento fortificante, uma espécie de Farinha Láctea
da época, veiculado na Revista “Fon-Fon” mostra o Barão do Rio Branco
(diplomata e cônsul brasileiro), gordo e saudável conversando com um menino.
Legenda:
– Seu Barão, o que devo fazer para ficar forte e bonito como o senhor? A
resposta: Deves-te alimentar com o milagroso Manah, que, além de ser atualmente
a salvação das crianças, ainda oferece um premio de 500$000 (100 ANOS DE
PROPAGANDA, 19(80), p.15).
Em
1914 instala-se na cidade de São Paulo, pelo Publicitário e Jornalista João Castaldi, em
sociedade com o empresário Jocelyn Benaton a Eclética, a primeira agência de
propaganda do Brasil. Na sua fundação foram contratados escritores e artistas
para preparar os textos e ilustrações dos anúncios. No
início, o trabalho era de agenciadora de anúncios em jornais impressos,
especialmente no jornal O Estado de S. Paulo. “Uma das primeiras batalhas de
Castaldi foi conseguir junto aos jornais o pagamento da comissão de 20% pela
captação e veiculação dos anúncios publicitários”, conta o pesquisador de
história da propaganda e professor do curso de publicidade do Mackenzie,
Adolpho Queiroz. Outra preocupação dos pioneiros era a de fixar a marca da
agência, que em uma das campanhas da época pede que os clientes reflitam antes
de executar “seu plano de propaganda”.
Anuncio Agência Eclética - 1914
A
proposta era anunciar nos principais meios de comunicação (revistas, jornais,
cartazes e mala-direta), tendo como anunciantes: Ford
e Texaco, para quem a agência criou mapas que mostravam a localização dos
postos de gasolina nas principais estradas brasileiras. Nos anos seguintes, o
portfólio cresceu e abrigou marcas como Sabonete Lux, Guaraná Chapagne, Maizena
Duryea, Kolinos, Palmolive, Parker Pen, Gillette, Aveia Quacker, Biscoitos
Aymoré e sabonetes Eucalol.
Anúncio Guaraná Champagne
Anúncio Testemunhal com a cantora de rádio Emilinha Borba
No
final da Primeira Guerra Mundial, São Paulo contava com cinco agências. Os
maiores anunciantes eram a Farinha Láctea Nestlé, o Extract Vision de Fleurs da
Colgate-Palmolive, a Colgate Baby Talc Powder e a Bayer. Revistas com fotos de senhorinhas, crônicas, sonetos,
reportagens leves e notas sociais. Anúncios de cigarro, teatros, perucas,
alfaiates, lojas elegantes, moda e produtos de beleza.
Anúncio Sensual Leite de Rosas
Anúncios coloridos à mão - Biotônico Fontoura
O primeiro grande painel ao ar livre,
chamado réclame yankee (outdoor), exalava o xarope Bromil.
Imagens de Reclame Yankee
Anúncio Ilustrado Xarope Bromil
Anúncio Testemunhal com Olavo Bilac - Poeta e escritor
Em Goiás, surge o Jornal Informação Goyana que circulou de 1917 a 1935. Era escrito por Henrique Silva, no Rio de Janeiro e não distribuía apenas em Goiás, mas em várias capitais e embaixadas. Os anuncios eram todos captados por lá, portanto, referiam-se ao comercio do Rio de Janeiro, nenhum goiano. Assim, na edição de 15 de junho de 1918 aparece o primeiro anuncio do Estado de Goiás, de uma escola de Jataí com fotografia
alguns outros anúncios seguiram:
1920 – 1930
Na
década de 20 o Brasil ganha um novo meio de comunicação: o rádio, que
representa um marco e uma grande revolução na publicidade brasileira. Os
maiores anunciantes eram a Casa Colombo, Bromil, Cigarros Veado, Biotônico
Fontoura, entre outros.
Anúncio de Carnaval - Casa Colombo
Em
1926 os Laboratórios Fontoura contratam Monteiro Lobato para escrever a
história de Jeca Tatu, personagem que faria a propaganda dos produtos Fontoura
e protagonizaria as campanhas de conscientização do Laboratório.
Anúncio do Laboratório Fontoura com Monteiro Lobato e o Personagem Jeca Tatu
Anúncio do Laboratório Fontoura
Anúncios realizados ainda pelo departamento de propaganda da General Motors
A crise de 1929 e as Revoluções de 1930
e 1932 foram acontecimentos que não só abalaram a economia e a vida do país,
mas que também paralisaram a propaganda totalmente, bem na passagem do período
de especialização (começo das agências).
"A propaganda no Brasil, começou antes das necessidades do mercado e antecipou-se ao período que eclodiram as técnicas e a industrialização" "A Revolução de 1932 foi a implantadora da indústria no país" foram palavras de Aldo Xavier, publicitário que esclarece este período de transição.
"A propaganda no Brasil, começou antes das necessidades do mercado e antecipou-se ao período que eclodiram as técnicas e a industrialização" "A Revolução de 1932 foi a implantadora da indústria no país" foram palavras de Aldo Xavier, publicitário que esclarece este período de transição.
Antes dessas comoções, as
tentativas resultavam sempre em falhas. Mas em ecos de Modernismo que
trabalhava o publico e com o aparecimento de uma indústria nacional, em um
quadro amplo de evolução, a propaganda se desenvolveu mais rapidamente. Com
isso, investimentos diversos começaram.
A primeira clicheria comercial do
Brasil foi organizada por brasileiros a partir de uma representação de agencia
norte-americana, a GM. Através de seu departamento de propaganda, assinou um
contrato com painéis de estrada no valor de cinco mil contos e os cinemas
exibiam propagandas com slides, coloridos em lâminas de vidro. Como esses,
inúmeros investimentos foram feitos a partir destes acontecimentos que
influenciaram no desenvolvimento da publicidade.
Mas, sem dúvida, a propaganda no Rádio foi a grande sensação desta década:
A primeira fase da propaganda no Rádio foi
marcada pelo pioneiro Sangirardi Jr. que se destacou pelos programas de
grandes dimensões, musicais, locutores, programas de auditório, rádionovelas
com grandes recordes de audiência. Uma época onde milhares de pessoas ouviam
rádio e se identificavam com locutores, músicas e os personagens das
radionovelas.
Os grandes programas como: Reporter Esso, Caixinha de perguntas, Hora do Calouro, Balança, mas não Cai, o programa de Otávio Gabus Mendes, um dos primeiro grandes programas de auditório, onde o público participava, dava opiniões e o grande Cassino do Chacrinha com Abelardo Barbosa, que mais tarde vira a ser um grande sucesso na TV, eram pratos cheios para as propagandas.
A agência
Eclética criava seus grandes anúncios, e seu inovador lançamento os
anúncios classificados, isso até a chegada da agência N.W. Ayer, com o intuito de trabalhar na criação
publicitária para a Ford no Brasil e conseguir a publicidade do café brasileiro
para os E.U.A., instalando-se em São Paulo onde ficava os escritórios centrais
da Ford e mais futuramente no Rio de Janeiro conforme sua expansão.Nessa época, os anunciantes eram lojas de departamentos, restaurantes, lanchonetes, xaropes.
A Ayer foi uma grande e inovadora agência,
destacando-se no rádio. Seguia os princípios da mais
rigorosa ética, controles rígidos nas finanças, descontos para pagamentos à
vista, a equipe de trabalho, entre outros fatos, fazendo com que a agência
tivesse como clientes, além da Ford, algumas das maiores empresas do Brasil
como: a Gessy, General Eletric, a Light, o Departamento Nacional do Café, entre
outras.
1933
- haviam 50 mil receptores de rádio no Rio de Janeiro e 3 transmissoras em São Paulo.
1938
- haviam 10 emissoras só na cidade de São Paulo e 24 no interior do estado.
Aparecem
os spots, os programas associados à marcas e os jingles. Os produtos
farmacêuticos ainda são os maiores anunciantes, mas começam a aparecer também comerciais
de cervejas, loterias, cigarros, automóveis e lubrificantes, pneus, lâmpadas e
cremes dentais.
Na mesma época surgem os primeiros outdoors, com anúncios da Ford, Chevrolet, Goodyear, Pirelli, Atlas, Essolube, Texaco, Atlantic, Frigidaire, Cinzano e Gancia. E nos jornais, a concorrência se dava através de competição, réplicas e tréplicas dos anunciantes.
Painel Astória na cidade de São Paulo
Painel Válvula Primor
Painel Xarope São João
1940 – 1950
Segundo Adolfo Milani, em 1939, com o inicio
da 2ª Guerra Mundial, “homens ligados ao mundo dos negócios não se preocupavam,
pois acreditavam que a guerra não traria modificações ponderáveis”. Mas Alcindo Brito mostrou-se cauteloso e sua preocupação estava certa “... a
fogueira da Europa afetaria em parte os negócios no Brasil”.
Assim, o período de 1941
a 1945 foram anos de guerra também para a propaganda. Guerra das trocas
comerciais. Já no período de 1945 á 1950, o país procura corrigir as falhas no
desenvolvimento econômico e social pós-guerra. A década de 40 as atividades
publicitárias foram as mais turbulentas. Problemas surgiram e houve um decréscimo
violento no movimento de anúncios. Foi uma fase um pouco mais expressiva na
criatividade. Período áureo do testemunhal utilizando as rainhas do Radio e período
frutífero do jingle publicitário: merecendo destaque os da Coca-Cola, da Lever
e da Sonrisal.
Anúncio revista do Rádio - Testemunhal para Lever protagonizado com Carmem Miranda
Nesta época foram criadas também as datas promocionais, como Dia
dos Pais, Dias das Mães, para aquecer o período mais fraco do comércio. Foi
também um período de grande trabalho, e é quando as agências se sobrecarregam e
passam a ter necessidade de trabalhar até tarde da noite.
Assim, surgem as primeiras tentativas de disciplinar a ética da propaganda,
com Conselho Nacional de Imprensa (CNI) e da Associação Brasileira de Propaganda
(ABA). Em fevereiro de 1949 acontece um
convênio entre as principais agências para a fixação de normas padrão para a
regulamentação da propaganda, resultando no surgimento da Associação Brasileira
de Agências de Propaganda (Abap).
As radionovelas Manhã de Sol de Oduvaldo
Viana, Sítio do Pica-pau Amarelo de Edgar Cavalheiro, os radioteatros como o
grande “Em busca da Felicidade” e os programas de auditório estavam em
evidência. Os produtos anunciados viravam brindes para o auditório, centenas de
produtos eram anunciadas por artistas e apresentadores, as vitrines se
sofisticavam para atrair mais ainda os consumidores. Grandes empresas e os
grandes anúncios se multiplicavam, como por exemplo, a Coca-Cola.
Anúncio revista do Rádio - patrocínio Colgate
Houveram também grandes mudanças, evoluções,
novos gêneros de se fazer propaganda, os slogans, jingles, promoções,
crediário, entre outros, sem falar nos profissionais que se dedicavam
diretamente e exclusivamente a determinadas empresas. O crediário por sua vez,
foi a “grande atração do momento”, facilidades de pagamento, tudo para agradar
os consumidores.
Anúncio Jornal Varejo Eberle - Crediário
Esse crescimento espantoso fez o mercado publicitário e seus profissionais tivessem necessidades de organização, disciplina e conceitos. Nasciam em 1949 os convênios entre agências de propaganda, juntamente com a Associação Brasileira de Propaganda (ABA) e o Conselho Nacional de Imprensa (CNI) tempos mais tarde surgia a Associação Brasileira de Agências de Propaganda (ABAP).
Exercício:
Agora que você já aprendeu um pouquinho sobre a propaganda no inicio do século XX, em grupo, aprofunde seus estudos neste período enfocando, através das décadas, quais as campanhas e anunciantes mais se destacaram. Pode usar fotos e videos e não deixem de mencionar as marcas, e os tipos de anúncios: seja em jornais, revistas, emissoras de rádios (jingles, spots, novela de rádio, programas), cartazes de rua e/ou outdoors. Sugiro que dividam o texto por décadas e tracem o panorama politico/social do Brasil. IMPORTANTE: NÃO ESQUEÇAM DE MENCIONAR A PROPAGANDA GOIANA
A postagem deve ter o seguinte titulo: Atividade Aula 2 – A propaganda de 1900 – 1949 - Grupo: (Nome e primeiro sobrenome de cada um, ex.: Marina Silva, João Sousa, etc).
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